Fala com Especialista: Genética, produtividade e eficiência. O crescimento da FIV no leite

Odilon Rezende
Consultor Técnico Comercial do Leite Tropical Semex
(32) 9.9969-8884 odilon.rezende@semex.com.br
Com vasta experiência na pecuária de leite e de corte, Odilon de Rezende Barbosa Filho, produtor rural e bicampeão do Ranking Nacional de Criadores Girolando, fala sobre o avanço da Fertilização In Vitro (FIV) e o impacto dessa tecnologia na genética, produtividade e sustentabilidade da atividade leiteira.
Como o senhor avalia o crescimento do mercado de embriões FIV no setor leiteiro nos últimos anos?
O mercado de embriões, de FIVI principalmente, vem crescendo de uma velocidade, de uma forma exponencial nesses últimos anos. E isso devido a todos os benefícios que essa tecnologia agrega para o produtor, tanto de leite quanto de corte. Então, isso é uma realidade hoje no mercado. E a tendência é isso cada vez crescer mais.
O que tem impulsionado a adoção da FIV em rebanhos leiteiros: genética, produtividade ou retorno econômico?
E o motivo desse crescimento é o mercado cada vez mais competitivo, as margens cada vez menores. Então, o produtor já chegou à conclusão que ele tem que trabalhar de uma forma cada vez mais profissional. E a genética é uma parte fundamental dentro desse processo. E você ganha algumas gerações. Na verdade, em uma geração você produz um animal, dependendo da origem das doadoras, animais do nível de uma pessoa que tem 40, 50 anos de seleção. Assim, a velocidade é gigantesca. O motivo engloba esses três pontos, tanto a genética, como melhorar a genética para aumentar a produtividade e, consequentemente, melhorar o retorno econômico da atividade.
Quais tendências futuras você enxerga no uso de embriões FIV, especialmente com o avanço das ferramentas genômicas?
A evolução da tecnologia é constante, como qualquer tecnologia. E hoje, com a genômica, com a biópsia, a gente pode esperar um futuro brilhante, um futuro muito próximo. São tecnologias que já estão disponíveis no mercado. Então eu vejo como tendência o criador ser cada vez mais exigente, ainda falta um pouco de esclarecimento e muita gente confunde FIV com melhoramento genético e não necessariamente funciona dessa forma. Só existe o melhoramento se você tiver boas doadoras e bons touros sendo utilizados, com bons programas de acasalamento. Em um futuro muito próximo, o mercado vai exigir mais qualidade das suas doadoras e dos seus fornecedores de touros também, de genética do macho, mas principalmente da fêmea. Com certeza serão mais seletivos na seleção dessas doadoras.
Quais são, na sua visão, as principais vantagens genéticas e produtivas obtidas com a FIV?
O grande filão aí da tecnologia é você promover o melhoramento, a velocidade do melhoramento na sua propriedade de uma forma muito acelerada. E com as tecnologias em termos genéticos disponíveis, é fazer a seleção de acordo com o sistema de criação, de produção de cada um em sua propriedade. Independente se é leite ou corte, mas tem propriedades com animais fechados, outros com rebanho a pasto. Enfim, tem vários tipos de sistemas de produção. Não vamos entrar em detalhe aqui qual que é melhor, qual que é pior, que eu acho que nem existe isso. Acho que cada caso é um caso. Então, com a FIV facilita também você produzir animais propícios ao seu sistema de criação.
O uso da FIV pode contribuir para práticas mais sustentáveis e eficientes na produção de leite?
Com toda certeza, a utilização da FIV, ela vai contribuir, sendo bem feita, ela vai contribuir sim nas práticas mais sustentáveis e eficientes na produção, tanto do leite quanto do corte. Como eu disse, você vai produzir animais com aptidão para o seu sistema de produção. Então, ela se torna sustentável para o seu sistema, isso em uma velocidade muito grande.
Na verdade, em uma geração você consegue dar um salto muito grande. Isso aí, porque você tem o melhoramento vindo do macho e da fêmea. Então, certamente, esse ganho é muito grande e contribui sim para a eficiência de todo o processo do seu sistema de produção.
Como comunicar ao mercado consumidor o valor agregado de produtos oriundos de genética superior?
Os exemplos hoje são vários, o mercado é crescente, existe a verticalização da produção, tanto do leite quanto do corte, de uma forma muito abrupta e isso hoje facilita demais a vida do produtor que está investindo, porque ele tem como aprender com os exemplos que tem, que existe no mercado. Então, a chance da gente errar, do produtor errar, na hora que ele for implantar um projeto novo, vai diminuindo. Quanto mais você visitar, mais você conversar, menos erro você vai cometer no seu projeto.
Então, a maneira que eu entendo da comunicação que tem que ser feita é essa, é mostrar os bons resultados de projetos consolidados que tem, tanto no leite quanto no corte, por todo o Brasil, por todas as regiões do Brasil. Você tem bons exemplos de bons resultados, como também tem os exemplos de como não deve ser feito. Então, eu entendo que a comunicação deve ser baseada em cima de exemplos.